O Stack Overflow demitiu 28% da sua força de trabalho nessa segunda-feira, depois de ter dobrado o seu quadro de funcionários no final de 2022. Os motivos? O crescimento da implementação de inteligência artificial por parte de seus usuários e empresas que utilizam de seus fóruns como banco de dados e informações para treinar seus serviços de GPT (generative pre-trained transformer).
Esse texto não é técnico, prometo.
As demissões em massa cruzam fronteiras: EUA, Brasil, Europa, Ásia. You name it. Por todos as regiões, vi notícias e presenciei pessoas próximas sendo mandados embora de cargos (altos e baixos, o facão da demissão não vê cara nem cargo - às vezes, vê cor da pele e orientação sexual, mas isso é um assunto para outro texto).
Esse texto não é para te assutar, prometo.
Esse texto vem criticar a lente que enxergarmos a empresa para a qual trabalhamos como a salvadora da pátria salvadora da nossa carreira. “Mas, Mariana, o cargo naquela empresa é tudo o que eu tinha”. Claro, eu entendo que a empresa “era tudo o que você tinha” e o seu “sustento’, mas lhe pergunto: você realmente acha que na primeira oportunidade, quando os lucros caem, as vendas despencam ou as equipes precisam ser reduzidas, a empresa pensa que você é tudo o que ela tinha? (Por favor, não me diga: “ah, mas na [insira aqui a sua empresa] é diferente, a cultura é ótima!).
Só há uma maneira de lhe dar esse notícia: o seu cargo será, muito provavelmente, cortado. Vi pessoas extremamentes qualificadas e competentes sendo mandadas embora. O facão da demissão não vê competência. Você é, dentro da engreganagem do capitalismo, apenas um peça. Você é, no final das contas, extremamente substituível.
Esse texto não é para te deprimir, prometo.
Esquecemos que, da mesma maneira que somos substituíveis para as empresas, a empresas também são substituíveis na nossa trajetória profissional.
Reconhecer a impermanência e a imprevisibilidade das circunstâncias nos leva à reflexão interna.
A pergunta que tenho me feito é:
Como tornar-se altamente empregável ao mesmo tempo em que sabemos que somos altamente substituíveis?
Alguns nuggets dos meus pensamentos:
A empresa te trata como dispensável, trate-a da mesma forma.
A empresa te trata como um número e pode te descartar a qualquer momento, é importante fazer entrevistas mesmo quando você está se sentindo confortável no seu emprego atual.
Saiba negociar o seu salário, pedir aumento e lutar pela sua promoção.
Buscar por outras oportunidades e poder negociar entre ofertas, aumenta o nosso senso de auto confiança.
Desenvolva habilidades e/ou conjunto de habilidades atrelado ao seu background, que te torne único - pergunte-se: o que me faz único?
Busque maneiras de entregar para a empresa algo que somente você pode entregar.
Recomendo a leitura do livro Forever Employable, do escritor Jeff Gothelf. O livro enfatiza a construção de uma marca pessoal que demonstre o seu conhecimento em uma área específica. Algumas das principais características das pessoas que são para sempre empregáveis são:
Aprendizagem e adaptação contínuas: pessoas comprometidas com a aprendizagem ao longo da vida (life long learning) e com a adaptação às mudanças do setor, garantindo que permaneçam relevantes, independente das circunstâncias externas.
Criação e compartilhamento de informação: indivíduos que compartilham seus conhecimentos (através de vídeos, apresentações, blogs), que se estabelecem como especialistas e atraiam oportunidades (e sorte!).
Networking e construção de relacionamentos: pessoas que sabem fazer networking e entendem a importância da construção de relacionamentos genuínos.
Independência e trabalho autônomo: indivíduos forever employable têm mais controle sobre suas carreiras e podem explorar oportunidades de trabalho fora do tradicional trabalho 9 às 5.
Com carinho e até semana que vem,
Mari